[ breviário de decomposição ]

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

GRANTA TERÁ EDIÇÃO BRASILEIRA
Marcos Strecker

"É uma ótima notícia para o mundo literário. A mais prestigiosa revista literária britânica, a badalada ‘Granta’, vai ganhar uma edição brasileira a partir de outubro. Quem está trazendo a revista ao Brasil é a editora Objetiva, que está associada desde o ano passado ao selo espanhol Alfaguara -já responsável por uma edição espanhola da publicação, desde 2003.

Roberto Feith, diretor da Objetiva e responsável por trazer o título ao Brasil, diz que a proposta é utilizar até 60% de material original e produzir a diferença com contribuições originais de autores brasileiros.

‘A revista será semestral pelo menos nos dois primeiros anos’, disse Feith. O primeiro número (‘Os Melhores Jovens Escritores Norte Americanos’) será a tradução da ‘Granta’ mais recente, que reuniu 21 nomes (incluindo textos de Jonathan Safran Foer, Nicole Krauss e Uzodinma Iweala), e não terá material brasileiro.

Já o segundo número (abril de 2008) deve se inspirar em três edições da ‘Granta’ original (‘On the Road Again’, nº 94, 2006; ‘Necessary Journeys’, nº 73, 2001 e ‘Wish You Were Here’, nº 91, 2005) e uma edição espanhola (‘Sobre la Marcha’, de janeiro passado).

A ‘Granta’ (que no Reino Unido é trimestral) não publica poemas e raramente inclui resenhas ou ensaios. Segundo Isa Pessoa, editora-chefe da Objetiva, a edição brasileira vai seguir exatamente a mesma linha. A revista só trará textos de ficção ou não-ficção inéditos, além de reportagens fotográficas, uma fórmula que a tornou famosa no mundo inteiro.

Para os responsáveis da edição brasileira, mais do que trazer assuntos locais específicos a idéia é seguir temas que possam agregar vários nomes, e permitir que os brasileiros também possam alcançar a original britânica e as outras edições regionais (já existem edições também na Grécia e Uruguai). Os nomes, segundo Feith e Isa Pessoa, serão escolhidos por critério editorial e pelos temas abordados.

Como a britânica, a edição brasileira terá sempre um mínimo de 256 páginas. Serão 5.000 exemplares (contra uma média de 70 mil distribuídos no Reino Unido e nos EUA), não haverá assinaturas e a distribuição será em livrarias. A princípio não haverá uma equipe própria da revista.

A publicação ficou famosa desde o final dos anos 70 ao lançar regularmente listas de nomes promissores da literatura britânica e americana. Muitas apostas da revista viraram grandes nomes, como Jonathan Franzen e Ian McEwan, só para citar dois.

A revista centenária (foi fundada em 1889 por alunos da Universidade de Cambridge) também está associada ao boom da nova literatura britânica desde os anos 80 e a uma ‘espetacularização’ dos escritores. Além disso, é conhecida pela capacidade de criar ‘modas’ literárias. Um bom exemplo é o termo ‘Dirty Realism’ (realismo sujo), cunhado no número 8 (em 83), que publicou os americanos Raymond Carver, Richard Ford e Michael Herr, entre outros.

As edições, que são temáticas (‘África’, ‘vida no campo’, ‘música’, ‘zonas de guerra’ etc.), muitas vezes acabaram direcionando a crítica literária. O número 10 (‘Viagem’, de 1983) é um dos mais famosos e reuniu García Márquez, Bruce Chatwin, Saul Bellow, James Fenton e Paul Theroux."
© 2007 Observatório da Imprensa.

Mais na Bravo! e no Poppycorn. Acesse o site da Granta aqui.#