[ breviário de decomposição ]

domingo, 11 de fevereiro de 2007

O ofício


Clarice no final dos anos 1950, após se separar do marido. Foto: acervo de Paulo Gurgel Valente.


"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui."

Clarice Lispector (10.12.1920 - 09.12.1977), A Hora da Estrela, Rocco, p. 21. #

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1 Comments:

  • Adoro essa passagem. Clarice me soa sempre tão próxima de Virginia Woolf pelo modo como ela se relaciona com a paixão pela escrita, que ao mesmo tempo é libertadora, mas também sufoca, angustia, onde por mais que contemos a vida sempre nos ficará aquela sensação de incomplitude.

    beijo

    By Blogger Aleksandra Pereira, at domingo, 18 de fevereiro de 2007 às 23:26:00 BRST  

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