[ breviário de decomposição ]

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Fragmentos de leitura.



"Sim, passara a vida inteira pensando coisas terríveis. E agora essas coisas começavam a acontecer. Via toda a sua vida falhada. Não a vida que ele vivera, mas a que tinha perdido. Sempre a vida lhe escapara das mãos, fugida, substância imprecisa que em vão tentava prender" (Autran Dourado, in Solidão solitude, p. 25).

Conversava hoje à tarde com um amigo, que não encontrava já fazia já algum tempo, sobre uns acontecimentos dos mais recentes que me ocorreram, coisas do destino, e ele, sereno, do alto da sabedoria que os anos vividos lhe impigiam, me sentenciou que no curso das nossas relações, em vão gastamos a nossa existência a correr freneticamente em busca de algo um tanto inalcançável, ansiando por querer encontrar nas outras pessoas uma correspondência absolutamente irreal ou que não existe, seja nas nossas relações de amor, amizade ou de trabalho... Queremos encontrar nas pessoas algo que elas não podem ou não têm como nos dar ou oferecer. E nos mais das vezes apenas nos frustramos nessa busca frenética e incessante. E é isso, corremos o risco de reduzir a nossa existência a algo perdido, inútil.#

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