domingo, 31 de dezembro de 2006
sábado, 30 de dezembro de 2006
Os homens ocos
Foto de David Martins
Hoje o dia está como eu: triste, cinzento... distante. Inquieto. Estou também inquieto. Há momentos em que ficamos estarrecidos com as perplexidades da vida, como eu agora... Então as coisas, as pessoas, os sentimentos, a própria existência, tudo parece ser um grande non sense, um nada para o qual retornamos sempre ao acordar. Lembrei que T. S. Eliot a certa altura escreveu:
Nós somos homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Os pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor,
Força paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles que atravessam
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam - se o fazem - não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados.
(Os homens ocos, I, 1925. In Poesia, trad. Ivan Junqueira)
Nós somos homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Os pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor,
Força paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles que atravessam
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam - se o fazem - não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados.
(Os homens ocos, I, 1925. In Poesia, trad. Ivan Junqueira)
Lady Day
Billie Holiday (1915-1959), Lady Day para os fãs, considerada por muitos a maior de todas as cantoras do jazz, foi acima de tudo uma intérprete, não uma acrobata vocal. Com uma voz etérea, flexível e levemente rouca, era insuperável cantando baladas. Suas interpretações eram elegantes e despojadas, e no entanto conseguiam transmitir grande dramaticidade. Billie trabalhou com os melhores instrumentistas de sua época, e teve uma colaboração particularmente criativa com o saxtenorista Lester Young. Teve uma mocidade difícil e uma vida pessoal muito conturbada, vivendo sempre no olho de um furacão de problemas, o que finalmente causou a deterioração de sua voz nos últimos anos, embora sua expressividade tenha se mantido intacta. (Ejazz).#
Quem não gostaria de dormir embalado pela sua voz doce e amendoada? O gosto do uísque ainda na boca, o persistente cheiro da fumaça do charuto que ainda teima em queimar sobre o cinzeiro, impregnado no quarto. E você, só você, nada mais, aqui comigo. Sussurra, meu amor, sussurra pra mim... "I'm a fool to want you... I'm a fool to want you... To want a love that can't be true... A love that's there for others too...". Quero dormir ouvindo, ouvindo baixinho você cantar... "Take me back, I love you...I need you...". Um sonho. Mas preciso tanto de você, e... e você em imagina o quanto... Ou nem se importa. Que pena! As coisas poderiam ter sido diferentes. Muito. Faltou o que? Não sei, não sei... Mas também não consigo parar de pensar nisso. Fantasmas me perseguem e não consigo viver... ou morrer...#
Quem não gostaria de dormir embalado pela sua voz doce e amendoada? O gosto do uísque ainda na boca, o persistente cheiro da fumaça do charuto que ainda teima em queimar sobre o cinzeiro, impregnado no quarto. E você, só você, nada mais, aqui comigo. Sussurra, meu amor, sussurra pra mim... "I'm a fool to want you... I'm a fool to want you... To want a love that can't be true... A love that's there for others too...". Quero dormir ouvindo, ouvindo baixinho você cantar... "Take me back, I love you...I need you...". Um sonho. Mas preciso tanto de você, e... e você em imagina o quanto... Ou nem se importa. Que pena! As coisas poderiam ter sido diferentes. Muito. Faltou o que? Não sei, não sei... Mas também não consigo parar de pensar nisso. Fantasmas me perseguem e não consigo viver... ou morrer...#
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
Mensagem
Esta é a capa do LP Mensagem, lançado em 1986. Projeto do cineastra e compositor André Luiz Oliveira, onde essa obra do poeta Fernando Pessoa é musicalizada por grandes vozes como Caetano, Gil e Ney Matogrosso. A lembrança que este post evoca é uma singela homenagem aos meus fascinantes amigos Lu Melo e Vítor Barros, parceiros entre si que fazem único o sincronicidade. O Vítor e sua família fizeram uma pausa do Além-Mar para passar o Natal e o Ano Novo no Brasil, e por esses dias nos brindam com a sua visita aqui em Brasília.#