[ breviário de decomposição ]

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Ela


Inesquecível cena do filme O Sétimo Selo (Det Sjunde Inseglet, Suécia, 1956, com roteiro e direção de Ingmar Bergman), em que Antonius (Max Von Sydow) encontra a Morte, que o desafia para uma partida de xadrez.


Esta noite aconteceu algo raro: sonhei. E logo com quem... Com ela mesma, a Morte. E quase a encontrei mesmo. As imagens que me recordo são vagas e imprecisas. A seqüência dos acontecimentos também. No sonho, haviam amigos meus de outrora e por alguma razão todos eles estavam mortos ou morrendo naquele instante. Então eu ia junto com eles, me afogando ou sufocando. Acho que era uma espécie de afogamento coletivo, mas não tenho muita certeza disso porque não me recordo direito de realmente haver água no sonho. Mas também poderia haver, não sei... Lembro-me que, como os outros, eu tinha de morrer, eu precisava morrer. Então, com naturalidade e resignação, me sujeitava à força dos acontecimentos, ao meu fatídico destino. Ela, a Morte, estava lá me chamando e eu queria atender ao seu sinistro apelo. Pensando bem, acho que havia água sim no sonho, porque agora me vem à lembrança que eu não queria ter os meus pulmões cheios d'água (eca!, sempre tive horror a isso), então deveria segurar firme a respiração até morrer. E como estava sendo fácil! Creio que eu morria e possuía consciência da minha morte, que estava morto. (Ou chegava muito próximo disso). Nesse instante, por alguma razão me veio à cabeça a idéia de que tinha de voltar, que não poderia me entregar assim, pois tudo era apenas um sonho. E se continuasse sem respirar como de fato estava fazendo, sufocaria. Então voltei a respirar normalmente e acordei no meio da madrugada. Não acordei assustado, mas tive ciência da Morte e do seu reino. E ela parecia estar rondando bem perto. #

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2 Comments:

  • E estamos sempre sob essa ameaça, não é? Seja através da peste como no filme, ou por bombas nos dias atuais, assaltos, não olhar para o lado correto da rua...

    É a única certeza que temos, nesse mundo de medos, superstições, niilismo. A vontade é de nem propor a partida, dar logo a vitória para a oponente.

    Mas aí lembramos do casal de artistas, o bebê, aquele pequeno núcleo de carinho, esperança, e começamos a enxergar um sentido.


    A gente aceita a partida, sem pressa. Sabemos que a oponente não perde, é verdade, mas a vida faz a gente aprender a jogar.

    beijo.

    By Blogger Aleksandra Pereira, at domingo, 18 de fevereiro de 2007 às 23:35:00 BRST  

  • Ed, existem dois elementos vitais nesse sonho: a água e a morte. Ambos representam uma simbologia rica tanto no espaço onírico quanto como no plano da vivência... hora dessas falamos sobre isso, pessoalmente, se você quiser...
    Beijoca, menino.
    PS: Obrigada pelo Sivuca. Prometo que ainda vou tirar uma horinha para ouvir com tranqüilidade, mas vai ser depois do carnaval porque agora estou ocupada com as crianças.

    By Blogger Lu, at terça-feira, 20 de fevereiro de 2007 às 00:19:00 BRST  

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