[ breviário de decomposição ]

sábado, 22 de abril de 2006

Mensagem de otimismo...

"Me senti limpo. Senti o sombrio planeta girando sob os meus pés e descobri o que faz os gatos gritarem como bebês durante a noite. Olhado para o céu através da espessa fumaça de gordura humana, e Deus não estava lá. A escuridão fria e sufocante, continua para sempre, e nós estamos sós. Vamos viver nossas vidas na falta de qualquer coisa melhor para fazer. Deixemos a razão para depois. Nascemos para o esquecimento; agüentando crianças destinadas para o inferno, nós mesmos; caminhando para o esquecimento. Não há nada mais. A existência é fortuita. Nenhum padrão seguro imaginado por nós depois de encarar isto por muito mais tempo. Nenhum significado seguro além do que nós escolhemos impor. Este mundo sem direção não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus que mata as crianças. Não é o destino que as abate ou que as dá de alimento para os cachorros. Somos nós. Somente nós… Estava renascido então, livre para rabiscar meu próprio desígnio neste mundo moralmente vazio..." (Rorschach, personagem de Alan Moore na série Watchmen. Compilado do BLOGZinE).

terça-feira, 18 de abril de 2006

Preparativos pra viagem

Já se iniciou a fria madrugada de terça-feira. Era pra eu já ter arrumado minha mala para a viagem de amanhã para Recife. Estou indo pra lá com mais dois outros colegas de trabalho a fim de concluir as tratativas para celebração de dois contratos com a concessionária pernambucana de energia elétrica. Segundo uma programação que se estendia por várias semas, era pra gente ter ido ontem, mas o infeliz do técnico da concessionaria nos informou pela amanhã que a advogada deles estaria entretida com outros compromissos e por isso teríamos novamente que remarcar. Mas tudo bem... Por volta do meio-dia liguei pra um antigo amigo de colégio que não vejo faz vários anos, mas que graças ao Grande Oráculo reencontei no ano passado, no dia do seu aniversário (ou foi pouco depois...). Ele está morando lá desde 1990 ou 1991, quando foi fazer o segundo grau. Acabou ficando por lá mesmo. Envolveu-se num trágico acidente de carro quando ia buscar um colega na rodoviária. Uma fatalidade... Morreu seu irmão, feriu sua irmã e ele... ficou tetraplégico. Formou-se em medicina e, devido à selvageria da profissão por lá, em fins de 2004 acabou fazendo um concurso para auditor do Tribunal de Contas de Pernambuco. Não é que o danado passou?! Depois que reatamos contato (ele ficou feliz pra caralho, velho!), sempre trocamos e-mails e vez por outra conversamos por telefone. Ele está bem, inclusive acabou casando. Diz que encontrou uma "louca" pra aturá-lo naquela situação... Ora, ele é um cara da porra, velho... Não é à toa que encotrou alguém... Faz muitos anos que não nos vemos, acho que a última vez foi em 1997 ou 1998. Vei ser uma festa, pode ter certeza. Embora o tempo e a distância sempre embotôe as relações, sempre tive uma grande afinidade com ele. Mas será muito bom revê-lo depois de tanto tempo... É... Acho que a arrumação da mala ficará pra amanhã de manhã cedinho mesmo... O vôo (pela TAM, registre-se diante da triste situação da VARIG) decolará perto do meio-dia, mas quero chegar cêdo pra evitar surpresas desagradáveis. Antes que eu me esqueça, deixe eu registrar que já comprei o presente do aniversário da minha esposa, que será agora no dia 20, quinta-feira. Por isso volto direto pra Brasília... A ponte aérea pra Salvador, assim, ficará pra próxima semana... A compra foi na Saraiva, que estava com preços ótimos, além de frete zero! Foram vários DVDs, CDs e livros. Depois publico a lista. O DVD especial pra ela foi o box da trilogia do Senhor dos Anéis. É simplesmente o bicho, vai direito para minha videoteca cult, duvida?

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Filme do dia (ou melhor, da noite)

Acabei de assistir há pouco o DVD do filme Como Água para Chocolate (México, 1992), dirigido por Alfono Arau, e estrelado por Marco Leonardi (de Cinema Paradiso) e Lumi Cavazos.

Ambientado no México do início do século passado, na época da Revolução Constitucionalista, o filme conta a história do amor proibido entre Tita (Cavazos), e Pedro (Leonardi). Tita é a mais jovem de três irmãs que, junto com a mãe, Elena (Regina Torné) administram um pequeno rancho na região setentrional daquele país, próximo à fronteira com o Texas, nos Estados Unidos. Mas, por ser a mais nova, deve seguir a tradição de sua família, permanecendo solteira para cuidar de sua mãe na velhice.

Apaixonada e impedida de amar, Tita está disposta a lutar até a morte para quebrar a tradição. Pedro, por sua vez, resolve se casar com Rosaura, a irmã mais velha, apenas para se mudar para o rancho e, assim, se aproximar de sua verdadeira amada. E Tita encontra uma maneira inusitada de corresponder ao seu amor. Encarregada da cozinha, prepara pratos elaborados que magicamente transmitem a quem os degusta suas verdadeiras sensações.

Assim, através da comida, Tita consegue, por exemplo, externar a tristeza que sentiu ao saber que o amor da sua vida se casaria com sua própria irmã, ou ainda penetrar no corpo de Pedro, sensual e voluptuosa, revelando todo o seu desejo sem sequer tocá-lo. Seus pratos conseguem até despertar paixões secretas e arrebatadoras em sua irmã do meio, Gertrudis, que acaba fugindo com um sargento do grupo revolucionário villista. Quem não queria uma cozinheira assim?

O filme é uma adaptação do romance homônimo de Laura Esquivel, com roteiro da própria autora — e que, por sinal, é também esposa do diretor Alfonso Arau. E, embora seja ambientado num período importante da história do México, quem dá o tom central não é a revolução constitucionalista, nem os soldados revolucionários de Pancho Villa ou Emiliano Zapata, mas sim o pecado capital da gula.

A comida — e, principalmente, as sensações que ela desperta — conduz a trama por caminhos interessantes, que quase sempre passam bem longe do óbvio. O resultado é fantástico, tanto que inspirou outros grandes filmes como Chocolate e Sabor da Paixão.

As filmagens foram feitas no próprio local onde a história é ambientada, no deserto do Norte do México, estado de Coahuila, e começaram em janeiro de 1991, tendo se estendido por todo aquele ano. E os sets do rancho de Mamá Elena, construídos na região de El Mirador, ainda são atração para turistas que visitam o local.

Por sua rara beleza e sensibilidade, Como Água para Chocolate foi aclamado pelo público no mundo inteiro, mas fez sucesso especialmente no Brasil. Foi indicado para o Globo de Ouro como Melhor Filme de Língua Estrangeira, e recebeu o prêmio de público como Melhor Filme e Melhor Atriz (Lumi Cavazos) no Festival de Cinema de Gramado, no Brasil. Em seu país de origem, recebeu nada menos do que dez prêmios Ariel, o Oscar mexicano, incluindo os de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Atriz.

O ator e diretor Alfonso Arau nasceu em 11.01.1932 e começou sua carreira no início dos anos 60. Poucos, no entanto, imaginariam que sua longa experiência em teatros e novelas mexicanos o levaria aos cinemas de Hollywood, no clássico The Wild Bunch, de Sam Peckimpah, em 1969, e também no filme Carros Usados (Used Cars, 1980, de Robert Zemeckis). Como diretor, recebeu prêmios pelas produções El Águila Descalza (The Barefoot Eagle, 1969), Calzonzin Inspector (1973) e consagrou-se internacionalmente com Como Água para Chocolate. Sua mais recente produção, Picking Up Pieces (2000), conta com a participação de Woody Allen e de Sharon Stone.

domingo, 16 de abril de 2006

Pra início de conversa...

Hoje é Domingo de Páscoa... Aproveitando todo o enigmático sincretismo deste dia (apesar de não comungar com nenhuma religião...), dou início à proposta de registrar neste blog as tratativas dialéticas que costumo manter comigo mesmo. Despretenciosamente, tenho a expectativa de apenas manifestar minhas inquetações, memórias, impressões e devaneios... E, eventualmente, tratar de assuntos dignos de nota e de tudo o mais que me der na telha. Mas advirto que não possuo a pretensão de agradar com as minhas opiniões, palavras e votos a quem quer que seja... Afinal, acho que ninguém é uma unanimidade e tampouco tenho a pretensão de sê-lo.

Confesso que, de início, ou melhor, durante muito tempo, relutei à hipótese de ter um espaço como este, virtual, para esse tipo de empreitada. Isso se deu basicamene pela enorme aversão que tenho à idéia de abrir mão do meu espaço privado. Não pretendo violá-lo... De fato, acho mais aprazível a expectativa de ser mais um na multidão do que me expor sem qualquer necessidade à curiosidade ou comiseração alheia. Prefiro, e não pretendo mudar de idéia (ora, como se elas, as idéias fossem inflexíveis ou imutáveis...), a sombra do mais frio anonimato.

Mas, devido a um processo de mudança a que me impus por conta das diversas contingências da vida, resolvi compartilhar minhas idéias com uma gama infinita se "seres" virtuais, ainda que de modo potencial, pois não sei se heverá algum interessado em ler as linhas que escrevo. De todo modo, caro amigo, irmão, colega, parafraseando Slavoj Žižek, bem-vindo ao deserto do real!