[ breviário de decomposição ]

segunda-feira, 19 de março de 2007




Se me puder ouvir

O poder ainda puro das tuas mãos
é mesmo agora o que mais me comove
descobrem devagar um destino que passa
e não passa por aqui

à mesa do café trocamos palavras
que trazem harmonias
tantas vezes negadas:
aquilo que nem ao vento sequer
segredamos

mas se hoje puderes me ouvir
recomeça, medita numa viagem longa
ou num amor
talvez o mais belo

Poema extraído de Baldios (Lisboa: Assírio & Alvim, 1999), de José Tolentino Mendonça.

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