A execução
Goya, No se puede mirar, Desastres.
Esta noite fui novamente agraciado com as lembranças de outro sonho esquisito. Do que eu me recordo restaram apenas os fragmentos que passo a narrar.
Era um cenário onírico, com todas as assincronias que lhe são inerentes. Estávamos numa prisão, situada na torre de uma espécie de castelo, no alto da montanha mais alta que se afigurava no horizonte. Eu era o carrasco. Já havia sido um prisiorneiro e para comutar a minha pena, a mando de alguém tinha de executar os condenados. Estavam ali a minha mãe, que me dava a ordem fatal, e a mais velha de minhas irmãs, que possuía a lista dos prisioneiros eleitos.
Minha mãe anunciava, em tom solene que lista havia chegado. Eu titubeava, e ela, impaciente, ordena "Prepare sua arma que a execução deve se inciar". E completou "Faça o que tem de ser feito". Impávido, eu permaneceia reflexivo. Com a lista nas mãos, de relance eu passava sobre ela os olhos e percebia que os cinco nomes ali escritos eram de antigos amigos. Mas preferia não associar aqueles nomes aos seus donos, ao que foram ou ao que representaram para mim. Em silêncio, devolviaa lista à minha irmã. Estava ainda mais inquieto.
Saí do cômodo nos encontrávamos. Subi e desci escadas, preparei o fuzil e fui ao encontro dos prisioneiros. Simulei tiros e retornei. (Acho que acabei libertando os prisioneiros, mas não me lembro o certo disso). Disse a elas que estava feito, mas logo perceberam o engodo. Ficaram desesperadas com as conseqüencias do meu ato - especialmene minha mãe. Sentado, de cócoras e cabisbaixo, disse-lhes que não poderia tê-los executado. Não sei o porquê.
Acordei. Até agora me pergunto qual o significado de tudo isso. Qual a relação desse sonho bizarro com o anterior, não menos estranho, se é que há alguma? Quem saberá...?
[Origem das estampas de Goya: PAAS-ZEIDLER, Sigrun, Goya. Caprichos, Desastres, Tauromaquia, Disparates. Reproducción completa de las cuatro series, Barcelona, Gustavo Gili, 2001.]#
Goya, Con razón ó sin ella, Desastres.
Era um cenário onírico, com todas as assincronias que lhe são inerentes. Estávamos numa prisão, situada na torre de uma espécie de castelo, no alto da montanha mais alta que se afigurava no horizonte. Eu era o carrasco. Já havia sido um prisiorneiro e para comutar a minha pena, a mando de alguém tinha de executar os condenados. Estavam ali a minha mãe, que me dava a ordem fatal, e a mais velha de minhas irmãs, que possuía a lista dos prisioneiros eleitos.
Goya, El 3 de Mayo (1814), Madrid, Museu do Prado.
Minha mãe anunciava, em tom solene que lista havia chegado. Eu titubeava, e ela, impaciente, ordena "Prepare sua arma que a execução deve se inciar". E completou "Faça o que tem de ser feito". Impávido, eu permaneceia reflexivo. Com a lista nas mãos, de relance eu passava sobre ela os olhos e percebia que os cinco nomes ali escritos eram de antigos amigos. Mas preferia não associar aqueles nomes aos seus donos, ao que foram ou ao que representaram para mim. Em silêncio, devolviaa lista à minha irmã. Estava ainda mais inquieto.
Édouard Manet, Exécution de l’Empereur Maximilien(1867), Mannheim, Städtische Kunsthalle.
Saí do cômodo nos encontrávamos. Subi e desci escadas, preparei o fuzil e fui ao encontro dos prisioneiros. Simulei tiros e retornei. (Acho que acabei libertando os prisioneiros, mas não me lembro o certo disso). Disse a elas que estava feito, mas logo perceberam o engodo. Ficaram desesperadas com as conseqüencias do meu ato - especialmene minha mãe. Sentado, de cócoras e cabisbaixo, disse-lhes que não poderia tê-los executado. Não sei o porquê.
Pablo Picasso, Massacre en Corée (1951), Paris, Musée Picasso.
Acordei. Até agora me pergunto qual o significado de tudo isso. Qual a relação desse sonho bizarro com o anterior, não menos estranho, se é que há alguma? Quem saberá...?
[Origem das estampas de Goya: PAAS-ZEIDLER, Sigrun, Goya. Caprichos, Desastres, Tauromaquia, Disparates. Reproducción completa de las cuatro series, Barcelona, Gustavo Gili, 2001.]#
Marcadores: Sonhos
2 Comments:
Se aceitamos que todas as partes de um sonho são pedaços da gente projetados na tela do inconsciente, talvez fique bem mais fácil saber a quem não conseguimos matar, e que riscos isso nos traz, não é mesmo? Abraço, parceiro de letras e ofícios.
By Lua em Libra, at quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007 às 14:48:00 BRST
Também ando com sonhos muito esquisitos...
..
Mas, acredito que todos os sonhos trazem consigo uma mensagem qualquer...
..
O difícil é sentir essa mensagem...
..
Um abraço muito grande para ti ***
By Estranha pessoa esta, at sábado, 24 de fevereiro de 2007 às 02:35:00 BRST
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