[ breviário de decomposição ]

terça-feira, 31 de julho de 2007

Antonioni, cineasta da angústia existencial, morre aos 94 anos

O cineasta Michelangelo Antonioni do set de filmagens nos anos 1960. Foto: AFP.


Por Phil Stewart e Nicola Scevola

ROMA (Reuters) - Michelangelo Antonioni, um dos mais influentes cineastas italianos do pós-guerra, morreu aos 94 anos, deixando como herança filmes que retratam a angústia existencial e a incomunicabilidade da sociedade moderna.

A carreira de Antonioni abrangeu seis décadas. Em 1995, quando sofreu um derrame e mal conseguia falar, o diretor foi homenageado com um Oscar pelo conjunto de sua obra.

Entre seus trabalhos mais famosos estão o indicado ao Oscar "Blow-up -- Depois Daquele Beijo", "Zabriskie Point" e a trilogia internacionalmente aclamada composta por "A Aventura", "A Noite" e "O Eclipse".

Sua morte, na noite de segunda-feira, seguiu-se à do diretor sueco Ingmar Bergman, morto no mesmo dia, aos 89 anos.

"Pela segunda vez em 24 horas o mundo do cinema sente-se órfão", disse Gilles Jacob, o veterano presidente do Festival de Cinema de Cannes, segundo a agência de notícias italiana Ansa.

Jacob descreveu Antonioni como "alquimista da intimidade, o arquiteto do tempo e do espaço no cinema contemporâneo".

O presidente italiano Giorgio Napolitano disse que a Itália "perdeu um dos maiores protagonistas do cinema e um dos maiores exploradores da expressão no século 20".

O corpo de Antonioni será velado com honras de Estado na manhã da quarta-feira, na sede da prefeitura de Roma. Seu enterro será na quinta-feira em Ferrara, sua cidade natal.

Seus filmes propositalmente lentos e oblíquos nem sempre agradavam ao grande público, mas filmes como "A Aventura" fizeram seu trabalho ser visto como fundamental por diretores como Martin Scorsese, que o descreveu como um poeta com uma câmera na mão.

CRÍTICO DE CINEMA

Nascido em 1912 em Ferrara, no norte da Itália, Antonioni estudou administração e economia na universidade de Bolonha e chegou a trabalhar por um período curto em um banco, antes de tornar-se crítico de cinema na década de 1930.

Seu primeiro envolvimento real com a cinematografia aconteceu quando ele ajudou a escrever o roteiro de "Un Piloto Ritorna" (1942), de Roberto Rossellini.

Antonioni dirigiu seu primeiro longa-metragem, "Crimes d'alma" ("Cronaca de un amore"), em 1950.

Nas duas décadas seguintes, ele dirigiu alguns dos maiores astros do cinema italiano do pós-guerra, como Marcello Mastroianni. Mas foi apenas na década de 1960 que ele surgiu no cenário internacional.

Depois de ganhar críticas elogiosas no Festival de Cannes de 1957 com "Il Grido" (O Grito), Antonioni teve seu primeiro grande sucesso internacional em 1960 com "A Aventura", que explorava a incomunicabilidade e solidão da sociedade moderna.

Seu segundo filme a ganhar destaque internacional foi "Blow-up - Depois Daquele Beijo" (1966), falado em inglês e ambientado na Londres dos anos 1960, que fez dele um diretor cult entre cinéfilos e outros cineastas.

Muitos o saudaram como fundador do cinema europeu de vanguarda, mas parte do público achava seus filmes arrastados e pretensiosos.

Tendo se afastado do cinema depois de sofrer um derrame na década de 1980, Antonioni retornou em 1995 com o aclamado "Além das Nuvens", baseado em contos de sua própria autoria. O filme foi co-dirigido pelo alemão Wim Wenders. Seu último trabalho, em 2004, foi um segmento do longa coletivo "Eros".

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

Cineasta sueco Ingmar Bergman morre aos 89 anos

Os cineastas suecos Sven Nykvis (esq.) e Ingmar Bergman no set de Fanny e Alexander em 1981. O lendário diretor de cinema sueco Ingmar Bergman morreu aos 89 anos, anunciou nesta segunda-feira o Real Teatro Dramático da Suécia. Photo by Scanpix Sweden.


Por Anna Ringstrom e Sarah Edmonds

ESTOCOLMO (Reuters) - O lendário cineasta sueco Ingmar Bergman, que influenciou gerações de cinéfilos com suas obras sombrias sobre temas como a morte e os tormentos sexuais, morreu na segunda-feira, aos 89 anos.

Sua filha Eva disse à agência sueca de notícias TT que o diretor e roteirista autodidata morreu em sua casa, na ilha de Faro, no mar Báltico.

Entre seus filmes mais conhecidos estão "Morangos Silvestres", "Cenas de um Casamento" e "Fanny e Alexander", vencedor de quatro Oscars. Esses filmes ajudaram a tornar a Suécia mundialmente associada à melancolia, mas fizeram de Bergman um mestre do cinema mundial.

Ao longo da carreira, ele realizou 54 filmes, 126 produções teatrais e 39 peças de rádio, além de programas para TV.

Suas obras-primas frequentemente lidavam com a confusão sexual, a solidão e a vã busca pelo sentido da vida -- temas que muitos atribuíam a uma infância traumática, quando ele era agredido pelo pai.

"Ele era um dos grandes", disse por telefone Jorn Donner, produtor de "Fanny e Alexander". "Eu o conhecia havia mais de 50 anos."

A vida particular de Bergman também costumava colocá-lo sob os holofotes. Casou-se cinco vezes, com mulheres bonitas e talentosas, e teve relacionamento com suas principais atrizes.

Em 2001, disse à Reuters, numa rara entrevista, que seus demônios pessoais haviam atormentado e inspirado sua vida inteira.

"Os demônios são inumeráveis, aparecem nos momentos mais inconvenientes e criam pânico e terror", disse Bergman na época. "Mas aprendi que, se eu puder dominar essas forças negativas e colocar arreios nelas, elas podem funcionar em meu benefício."

O jovem Bergman, que passou uma infância doentia, costumava apanhar do pai, um pastor luterano.

Em 1956, Bergman obteve reconhecimento internacional com "O Sétimo Selo", no qual está a clássica cena em que o cavaleiro medieval, à procura de Deus e do sentido da vida, joga xadrez com a morte. No ano seguinte, o filme recebeu o prêmio do júri em Cannes.

Em 1960 e 61, Bergman ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Voltaria a receber quatro estatuetas (inclusive, de novo, filme estrangeiro) em 1983, por "Fanny e Alexander", um filme com versões de três e cinco horas.

Depois de "Fanny e Alexander", o diretor anunciou sua aposentadoria do cinema, tendo dirigido apenas alguns especiais de TV, como o elogiado "Saraband", de 2003.

Bergman se estabeleceu na ilha Faro ("das ovelhas"), na costa sudeste da Suécia, depois de rodar sete filmes ali. Todos os verões, a ilha celebra a vida e obra de Bergman.

(Com reportagem de Fredrika Bernadotte, Helena Soderpalm e Adam Cox em Estocolmo, Terhi Kinnunen em Helsinque e David Cutler em Londres)

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terça-feira, 17 de julho de 2007

Vôo JJ 3054, TAM Airlines

Foto: Evelson de Freitas/Agencia Estado via Associated Press, by The New York Times.

Foto: A. R. Fernandes, by Folha Online. Fumaça causada pela queda do avião da TAM vôo 3054 vista do alto de um prédio da Av. Berrini, em São Paulo.


Aeroporto Internacional de Congonhas, São Paulo. O vôo JJ 3054, da TAM Arilines, proveniente de Porto Alegre, tenta mas não consegue pousar. Acaba atravessando a Av. Washingron Luiz e explode após chocar-se contra o prédio da TAM Express do outro lado da rua, causando um grande incêndio. Ao que se sabe, o Airbus 320 estava lotado e naquele prédio, que funcionava 24 horas, haviam pessoas trabalhando, clientes e visitantes. Na calçada defronte ao prédio também haviam passantes e o posto de gasolina ao lado estava em pleno funcionamento. Os mortos podem passar de 200. Deve ser o maior acidente da aviação brasileira. Tomei conhecimento ao final de uma reunião de trabalho, mas naquele momento ninguém fazia idéia da proporção do desastre. Cheguei em casa há pouco, exausto, cansado... Agora, atônito, custo a acreditar no que vejo na TV. E me pergunto: o que essas pessoas fizeram para merecer isso, meu Deus? Perante a Existência, as suas vidas não valerão de nada?#

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domingo, 15 de julho de 2007

R.I.P., BLOGZinE (2002-2007)


Após 5 anos no ar, o BLOGZinE, mantido pelo Mr. Reginaldo Yeoman, encerrou suas atividades. É uma perda lamentável para os fãs da cultura nerd-geek-fanboy.#

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sábado, 14 de julho de 2007

Liberté, Fraternité, Egalité


Tomada da Prise de la Bastille, em 14 de julho de 1789. Reprodução em preto e branco da tela em óleo La Bastille, dans les premiers jours de sa démolition, de Hubert Robert, extraída do livro de Simon Schamas Citizens: A Chronicle of the French Revolution, Alfred A. Knopf, New York, 1989, p. 389. As cores originais daquela obra, que está exposta no Museu Carnavalet, em Paris, podem ser devidamente apreciadas clicando aqui

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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dia Mundial do Rock


Nesta sexta-feira 13 é comemorado o Dia Mundial do Rock. A data foi instituída em 1985, quando foi realizado o histórico show Live-Aid. O evento foi idealizado pelo irlandês Bob Geldof, integrante da banda Boomtown Rats, para ajudar as pessoas que passavam fome na África.

Os shows aconteceram simultaneamente em Londres, na Inglaterra, e na Filadélfia, nos Estados Unidos. Cerca de 170 mil pessoas participaram da maratona musical, 70 mil na Inglaterra e 100 mil nos Estados Unidos, enquanto 1,5 bilhão de pessoas assistiram tudo pela TV.

O objetivo era reverter toda a renda obtida para as vítimas da seca que devastava a África. Com a venda de ingressos a 35 dólares e a venda dos direitos de transmissão a 160 países, o espetáculo conseguiu arrecadar cerca de 70 milhões de dólares.


Participaram do Live-Aid artistas como Mick Jagger, Tina Turner, Madonna, David Bowie, Sting, Phil Collings, Eric Clapton, Elton John, Paul McCartney, Jimmy Page, Robert Plant, além das bandas U2, Ozzy Osbourne e The Who, entre outros.

A idéia de montar o espetáculo surgiu quando George Geldof assistiu, pela televisão, o documentário Fome na Etiópia. Ele ficou chocado em ver a situação das pessoas que não tinham forças nem para espantar, do próprio corpo, as moscas que as rodeavam.#

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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Ética (4)


(...) Gostaria de circunscrever melhor o próprio conceito de moralidade pública. Estamos vendo que ela consiste numa esfera de que todos os serem humanos participam, na medida em que cada sistema moral, a fim de revelar a sua unilateralidade, precisa ser confrontado por outros. Segue-se a necessidade de que todos os seres humanos sejam incluídos no seu âmbito. Sob este aspecto é uma moral cosmopolita, estabelecendo regras de convivência e direitos que asseguram que todos os homens possam ser morais. É neste sentido que os direitos do homem, tais como em geral se têm enunciado a partir do Século XVIII, estipulam condições mínimas do exercício da moralidade. Por certo, cada um não deixará de aferrar-se à sua moral; deve, entretanto, aprender a conviver com outras, reconhecer a unilateralidade do seu ponto de vista. E com isto está obedecendo à sua própria moral de uma maneira especialíssima, tomando os imperativos categóricos dela como um momento particular do exercício humano de julgar moralmente. Desse modo, a moral do bandido e a do ladrão tornam-se repreensíveis do ponto de vista da moralidade pública, pois violam o princípio da tolerância e atingem direitos humanos fundamentais.

Dessa ótica, toda guerra contemporânea, que não seja estritamente defensiva, deve ser considerada imoral, pois implica numa tecnologia que atinge indiscriminadamente pessoas permanecendo fora do conflito direto. Isto não significa que toda violência deva ser recriminada, pelo contrário, somos obrigados a conviver com ela: o intolerante e o puritano só podem ser contidos pela força. A dificuldade está em determinar com precisão quem são eles e quais os critérios pelos quais são detectados. Como nada é a priori a não ser em circunstância, o que fica valendo é a prática contínua de julgar e ajustar nossos julgamentos, graças ao aperfeiçoamento das nossas virtudes e de nossas opiniões, que se lustram e se ajustam conforme relativizamos e ampliamos nossas perspectivas". (pp. 244-245)


Ética (Companhia das Letras, org. Adauto Noaves), José Arthur Gianotti

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Ética (3)


Instruction in ancient Athens, red-figured attic vase, 5th c. BC, Berlin Archaeological Museum.

"(...) Em relação a todas as faculdades que vêm por natureza recebemos primeiro a potencialidade, e somente mais tarde exibimos a atividade (isto é claro no caso dos sentidos, pois não foi ver repetidamente ou repetidamente ouvir que adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufruí-los, e não passamos a tê-los por usufruí-los); quanto às várias formas de excelência moral, todavia, adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as artes. As coisas que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as – por exemplo, os homens se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando cítara; da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente, e corajosos agindo corajosamente, esta asserção é confirmada pelo que acontece nas cidades, pois os legisladores formam os cidadãos habituando-os a fazerem o bem; esta é a intenção de todos os legisladores; os que não a põem corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob esse aspecto que a boa constituição difere da má.

Ademais, toda excelência moral é produzida e destruída pelas mesmas causas e pelos mesmos meios, tal como acontece com toda arte, pois é tocando a cítara que se forma tanto os bons quanto os maus citaristas, e uma afirmação análoga se aplica aos construtores e a todos os profissionais; os homens são bons ou maus construtores por construírem bem ou mal. Com efeito, se não fosse assim, não haveria necessidade de professores, pois todos os homens teriam nascido bem ou mal dotados para as suas profissões. Logo, acontece os mesmo com as vários formas de excelência moral; na prática de atos em que temos de engajar-nos dentro de nossas relações com outras pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; na prática de atos em situações em perigosas e adquirindo o hábito de sentir receio ou confiança tornamo-nos corajosos ou covardes. O mesmo se aplica aos desejos e à ira; algumas pessoas se tornam moderadas ou amáveis, enquanto outras se tornam concupiscentes ou irascíveis, por se comportarem de maneiras diferentes nas mesma circunstâncias. Em uma palavra, nossas disposições morais correspondem às diferenças entre nossas atividades. Não será pequena a diferença, então, se formamos os hábitos de uma maneira ou de outra desde nossa infância; ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva." (pp. 35-36)

Ética a Nicômacos, Livro II (Editora UNB), Aristóteles

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Ética (2)

Notícia divulgada na FOLHA ONLINE - BRASIL:

11/07/2007 - 08h35

Nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos, afirma Bird

SÉRGIO DÁVILA

da Folha de S.Paulo, em Washington

O nível de corrupção no Brasil é o pior em dez anos, segundo relatório anual de governança produzido pelo Banco Mundial (Bird) e divulgado ontem. De acordo com o levantamento, o país está em nível inferior ao que se encontrava quando a entidade multinacional começou a fazer esse estudo, em 1996.

As melhoras observadas entre 1998 e 2000 (segundo mandato de FHC) e 2002 e 2003 (eleição e primeiro ano de mandato de Lula) foram anuladas pelos resultados dos últimos três anos. O estudo é feito pelo Instituto do Banco Mundial, ligado ao Bird, e classifica 212 países e territórios de acordo com o desempenho em seis itens.

Para tanto, leva em conta dados fornecidos por 33 fontes internacionais. No caso brasileiro, foram 18 as entidades ouvidas para a classificação do país, entre elas o centro de estudos de opinião chileno Latinobarómetro, a consultoria britânica Economist Intelligence Unit e o instituto de pesquisas norte-americano Gallup.

Das seis categorias --controle de corrupção; capacidade de ser ouvido e prestação de contas; eficiência administrativa; qualidade regulatória; estado de direito; e estabilidade política e ausência de violência--, o Brasil só melhorou na última no período 2005-2006, em comparação com o período anterior.

"Nos últimos anos, o Brasil parece ter experimentado alguma deterioração em várias dimensões de governança", escreveu à Folha, por e-mail, Daniel Kaufmann, um dos autores do relatório. O controle de corrupção é definido pelo Bird como "a medida da extensão com que o poder público é exercido para ganhos privados, incluindo tanto pequenas quanto grandes formas de corrupção, assim como o 'seqüestro' do Estado por elites e interesses privados".

Reação negativa

A divulgação do relatório causou uma grita entre os países mal-avaliados, muito por conta do recente escândalo que envolveu a própria instituição responsável pelo estudo. No mês passado, o então presidente do Bird, Paul Wolfowitz, pediu demissão por ter protegido durante sua gestão uma namorada também funcionária do banco.

Ex-número 2 do Pentágono durante o governo Bush, Wolfowitz é um dos arquitetos da Guerra do Iraque e fez do combate à corrupção sua bandeira à frente do Bird, que empresta US$ 23 bilhões por ano. "Não estamos querendo ganhar um concurso de popularidade", disse Kaufmann ao jornal econômico "Financial Times".

Kaufmann foi um dos funcionários graduados do Bird a assinar uma carta durante o Escândalo Wolfowitz dizendo que a crise colocava em jogo a credibilidade do banco. No relatório de ontem, ele e os outros dois autores, Aart Kraay e Massimo Mastruzzi, tomam precauções extras para relativizar os achados.

Os resultados não são levados em conta pelo banco na hora de liberar ou não um empréstimo para um país, diz o texto, e os números "refletem uma compilação estatística" feita em diversas instituições e "de maneira alguma refletem a posição oficial do Banco Mundial, de seus diretores executivos ou dos países que [o Bird] representa."

Feitas as ressalvas, Kaufmann acredita que a corrupção ainda é um dos principais problemas enfrentados pelos países: "O custo da corrupção mundial é estimado em US$ 1 trilhão por ano, e o ônus da prática recai de maneira desproporcional sobre o bilhão de pessoas que vivem em extrema pobreza".

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Ética (1)

Este post e os que lhe seguem são uma mera tentativa individual de dar uma solução à sugestão da Lu.

Minha proposta é que os textos que passo a transcrever "falem" a cada um dos leitores. Desse modo, as conclusões daí advindas serão um reflexo per si de uma avaliação própria que for feita por cada a partir de sua moral individual, levando em conta valores que reputo serem universais, ou seja, fazem parte de uma ethica e de uma morale comum.

๑۩۞۩๑


"Ética. [Do lat. ethica < gr. ethiké.] S.f. Filos. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto." (pp. 848-849)

Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa (Nova Fronteira), Aurélio Buarque de Holanda Ferreira

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quarta-feira, 11 de julho de 2007

Headache


Vou tentar descrever a sensação pra vocês. Imaginem que seus olhos estejam sendo apertados por trás, espremidos à exaustão, por duas mãos bobas que se adaptam perfeitamente ao fundo das órbitas oculares. Ora de modo rítmico e compassado, ora aleatoreamente. Como duas bolas de borracha nas mãos de uma criança travessa. A pressão é contínua. Surge então um mal-estar indescritível, nebuloso. Falta o chão. Ânsia de vômito, muita ânsia. Mais e mais pressão nas têmporas. A luz incomoda, qualquer som ou cheiro também. Tudo incomoda por demais. Conseguiram imaginar isso? Potencializem. Ah, meus caros... Vocês nem fazem idéia! Isso é a minha bendita enxaqueca.#

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Serviço de (in)utilidade pública


Como fazer um biopong, direto do Hack a Day.

Muito bacana: o Yahoo! compilou uma série de endereços que são uma mão na roda para aqueles momentos em que a gente não sabe a quem recorrer, tipo "Do it Yourself". Você pode aprender de tricotar a construir um robô. Leia a matéria completa aqui.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Ainda sobre o tema, que me persegue


Foto: Voyage en première classe, Legendes oubliées.

"Narciso tem horror da solidão, e isso é fácil de compreender: a solidão o deixa face a face com o seu nada, em que ele se afoga. O sábio, ao contrário, fez desse nada o seu reino, onde ele se perde e se salva: não há ego, não há egoísmo! O que resta? O mundo, o amor: tudo. Quanto a nós, fazemos o que podemos, entre esses dois extremos: mais ou menos narcisistas, mais ou menos sábios, conforme os momentos e as circunstâncias da vida. Mas todos sabem muito bem para que lado nos empurra a sociedade, principalmente hoje em dia (não é por acaso que a chamamos de sociedade do consumo!), e a que nos chama a solidão...". (p. 33)

O Amor e a solidão (Martins Fontes), André Comte-Sponville

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quarta-feira, 4 de julho de 2007

July 4th


Imagem: Scott Reeder, American Dick, 2006, by Sob(re) a Pálpebra da Página.

♪♫♪♫♪♫ Deus salve a América, terra de amor!... ♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫

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segunda-feira, 2 de julho de 2007

No words


Passa-me pela cabeça a busca de uma explicação razoável para a capacidade de incomunicação humana. Decorrência da incompletude?#

๑۩۞۩๑

"... Temos uma propriedade do comportamento que dificilmente poderia ser mais básica e que, no entanto, é freqüentemente menosprezada: o comportamento não tem oposto. Por outras palavras, não existe um não-comportamento ou, ainda em termos mais simples, um indivíduo não pode não se comportar. Ora, se está aceito que todo o comportamento numa situação interacional, tem valor de mensagem, isto é, é comunicação, segue-se que, por muito que o indivíduo se esforce, é-lhe impossível não comunicar. Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem; influenciam outros e estes outros, por sua vez, não podem não responder a essas comunicações e, portanto, também estão comunicando. Deve ficar claramente entendido que a mera ausência de falar ou de observar não constitui exceção ao que acabamos de dizer". (p. 44-45)

Pragmática da Comunicãção Humana (Cultrix), Paul Watzlawic, Janet Helmick Beavin e Don D. Jackson

๑۩۞۩๑

Bem, essa é uma pista... Mas há mais por aí. A questão obviamente oferece outras facetas, para deleite do nosso imaginário.#

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domingo, 1 de julho de 2007

Uma espantosa solidão


Nan and Brian in Bed, NY, 1983, fotografia de Nan Goldin. Mais, aqui.


A bruxa

A Emil Farhat

Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.

Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.

Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987).

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